Educação on-line e minha relação com ela: uma história que vai para quase 30 anos – Por Arabaci Scia...

Educação on-line e minha relação com ela: uma história que vai para quase 30 anos – Por Arabaci Sciamarelli

Com a pandemia, começamos cada vez mais a falar em educação on-line, não presencial e palavras semelhantes. Essa educação, por absoluta necessidade, passou a fazer parte da educação das crianças e dos adolescentes.

Nas universidades, onde já tinha algum papel, passou a ter maior destaque. Não falo dos cursos exclusivamente on-line, a tal da EAD (educação à distância). Nela, temos muitas instituições de qualidade, mas ao mesmo tempo, temos algumas escolas que simplesmente são “fábricas de diplomas”.

A educação à distância nem sempre foi online, digital, usando internet ou coisas assim.

Quem tem mais de 50 anos com certeza ouviu falar do famoso Instituto Universal Brasileiro, a marca mais famosa nos tais dos “cursos por correspondência”. Teve bastante sucesso dos anos 50 até os anos 80.

Através do correio, era possível receber apostilas e kits para aulas práticas (havia cursos de mecânica de automóveis e de técnico em eletrônica, por exemplo). As avaliações também eram feitas por correspondência e, ao final do curso, se recebia um certificado.

A partir dos anos 90, iniciou-se a popularização dos computadores pessoais, que se chamavam PCs (termo ainda usado pelos mais “veteranos”). Até então, computadores eram máquinas enormes, os tais mainframe, que precisavam de salas enormes e pessoal superespecializado para operá-los. Até essa época, computador era coisa apenas para os iniciados.

Também nessa década, tivemos o advento dos notebooks, que começaram a ficar mais populares e acessíveis e tornaram possível se utilizar de tecnologia em qualquer lugar.

Com os computadores mais acessíveis e com tamanho menor, eles passaram a ter como funcionalidade a possibilidade de serem ‘multimídia’ (outra palavra que surgiu na época). O que isto vinha a ser?

Era a possibilidade de, além de fazer cálculos, que foi a primeira função dessas máquinas, termos a elaboração de textos e a reprodução de música, sons e vídeos passou a ser uma realidade. Esta última função até esse momento, era exclusividade do cinema e da televisão.

No meio da década de 90, eu era responsável pelo treinamento da força de vendas de uma grande indústria farmacêutica no Brasil, com cerca de 350 pessoas.

Um dos desafios na época, era treinar essa equipe constantemente, bem como a cada mês, passar a estratégia de marketing para os diferentes produtos. O trabalho principal dessa equipe era propaganda médica, com a divulgação aos médicos dos diferentes medicamentos, suas utilizações e vantagens.

Esse time de 350 representantes e gerentes estava espalhado por todo o Brasil, e meu desafio de todo o mês era passar uma mensagem padronizada sobre os produtos.

Quando havia lançamentos, o trabalho dobrava, pois além de termos que comunicar sobre os produtos já existentes, tínhamos que enfatizar o lançamento do novo produto e seu impacto no mercado.

Durante vários anos, isso era feito através um material impresso e encadernado, chamado “Plano de Ação”, que era publicado em papel todos os meses.

Em 1994, a farmacêutica onde eu trabalhava comprou um lote de notebooks para toda a força de vendas. Era a chamada “automação da força de vendas”.

Cada membro do time comercial possuía um notebook e já havia uma comunicação por “correio eletrônico” – era uma comunicação só dentro da empresa. O e-mail veio uns dois anos depois, com a maior difusão do protocolo IP no Brasil.

Como gestor do treinamento e responsável pela comunicação com a força de vendas, comecei a vislumbrar a possibilidade de utilizar essa tecnologia para modernizar e dinamizar a capacitação dos representantes, inclusive com o envio do Plano de Ação, de forma eletrônica.

Já há alguns anos, eu produzia vídeos de treinamento, que eram despachados em VHS para as diferentes filiais e apresentados em reuniões presenciais. Como eu poderia usar os notebooks para poder agilizar esse trabalho?    

No meio dos anos 90 surgiu uma nova mídia – o CD, que inicialmente armazenou dados numéricos e texto, mas logo se criou tecnologia para que ele pudesse conter áudio e vídeo.

Lembro que nesses anos, a internet era discada, ou seja, dependia de linha de telefone. A velocidade de transmissão, comparada aos dias de hoje, era risível. Dependendo do local, um simples e-mail podia levar alguns minutos para fazer download. Transmissão de arquivos de áudio e vídeo então, era praticamente impossível.

Mas por outro lado, utilizando-se dos CDs era possível colocar neles arquivos de áudio e vídeo, bem como textos, animações, gráficos e tudo o mais que pudesse tornar a experiência de aprendizagem mais dinâmica e divertida.

Naqueles anos não havia leitor de CD nos notebooks, mas unidades externas que precisavam ser acopladas aos computadores, além de ter uma fonte externa de alimentação (nem se sonhava em porta USB...).

Consegui convencer a diretoria a comprar os leitores de CD para todos os notebooks do time comercial e a experiência de educação e comunicação com o uso de tecnologia começou a ser uma realidade. Claro que esses conteúdos veiculados por CD ainda eram usados como instrumentos de estudo individual ou como complementos de reuniões presenciais.

Eu não tinha nenhuma possibilidade de fazer uso de estatísticas de aprendizagem – quem, quando e quanto assistiu do conteúdo. A avaliação de aprendizagem só podia ser feita em reuniões presenciais. Guardem esse ponto, que é muito importante para o que veremos no final deste texto!

O advento dos anos 2000 trouxe aperfeiçoamentos que me permitiram encarar novos projetos. Os LMS* estavam começando a ser usados no Brasil, ainda de forma tímida.

Eu já trabalhava noutra farmacêutica e havia outro desafio – fazer o treinamento e avaliação de equipes de vendas – a chamada ‘certificação’, para determinados produtos-chave. Esse era um processo global, as filiais de todo o mundo deveriam passar por esse processo e havia um prazo.

Pude desempenhar essa tarefa através de testes on-line para todo o Brasil e com o uso de algumas incipientes tecnologias antifraude. Mas, o desafio maior, era ter uma relação precisa de quem tinha feito, quando e qual a nota obtida.

Tudo isso era conseguido através de e-mail e telefone e depois colocado em planilhas de Excel. Deu trabalho, mas a filial do Brasil foi a primeira a ser certificada. Até o presidente da empresa, veio me cumprimentar pessoalmente.

Também fui pioneiro no que hoje chamam de “gamificação” com o uso de jogos de diferentes complexidades para a capacitação em empresas, tanto em ambiente presencial como on-line.

Mas já se passaram quase 30 anos e, especialmente, a velocidade na internet aumentou muito, o que permitiu que os conteúdos fossem colocados na “nuvem” e pudessem ser compartilhados de forma síncrona ou assíncrona.

Ao mesmo tempo os LMS tornaram-se mais populares, embora, no Brasil ainda estejam mais presentes em universidades e algumas grandes empresas.

O desafio da educação online ou e-learning, como eu disse no começo do texto, passou a ser mais presente, dada a pandemia. Agora, que estamos passando por um momento de menor incidência na população, passamos a ter uma volta aos ambientes presenciais, ou ao menos, a introdução de modelos híbridos, com as pessoas trabalhando parte do tempo em escritório, parte do tempo em casa.

A necessidade de e-learning se faz mais presente assim como o uso de tecnologias que façam da aprendizagem e difusão de ideias, algo que seja divertido e lúdico.

Uma forma consagrada de se fazer isso é através de vídeo. Ele não substitui o estudo de textos, mas muitas vezes ilustra e motiva o estudante a poder se aprofundar nos assuntos em epígrafe.

Com toda essa experiência acumulada, tive uma feliz surpresa quando passei a conhecer a tecnologia de vídeos interativos (Clixie Media). Para quem não conhece, trata-se de uma tecnologia que permite introduzir elementos que aumentem a interatividade do estudante ou espectador.

Esses elementos (os clixie) ficam visíveis na tela e permitem a qualquer momento acessar conteúdos de todo tipo (outros vídeos, sites, textos, e-commerce, áudios, quizzes).

Ao mesmo tempo é uma tecnologia com uma grande gama de estatísticas, que permite se ter todo o controle de quem assistiu, quando, quanto e se foi aprovado em testes efetuados durante a interação com o vídeo.

Ainda tenho muito a poder explorar dessa tecnologia, mas com certeza ela responde a muitas das demandas, que  eu tive lá, na longínqua década de 90...

Quer conhecer mais? Entre em contato!

 

*LMS – Learning Management System - também chamado de plataforma e-learning ou ainda sistema de gestão de cursos de formação, SGC) disponibiliza uma série de recursos, síncronos e assíncronos, que dão suporte ao processo de aprendizagem, permitindo a sua planificação, implementação e avaliação