Como Manter a Estratégia no Caminho Correto – Por Luiz Goes Uma empresa só consegue manter-se d...

Como Manter a Estratégia no Caminho Correto – Por Luiz Goes

Uma empresa só consegue manter-se de forma saudável no mercado, construindo vantagens competitivas sobre a concorrência e criando posições robustas no mercado com base em uma estratégia claramente definida. Isso pode não ser um trabalho simples, principalmente quando o dia a dia da empresa toma conta da agenda dos gestores. Da estratégia constroem-se os planos de ação e não para por aí, pois é preciso que estes sejam realizados e implantados. Neste momento passa valer a máxima defendida pelo excepcional estrategista Peter Drucker que dizia: “A cultura come a estratégia no café da manhã”, ou seja, se a empresa não incorporar a estratégia em sua cultura corporativa, em suas rotinas, em suas crenças, a estratégia não acontece e o trabalho vai por água abaixo.

Ainda buscando apoio nos grandes pensadores na área de negócios, Michael Porter classifica as estratégias competitivas em três grupos, a saber: aquelas que propõem uma liderança de custos, baseada em preços para clientes sensíveis a isso; outras que propõem uma atuação de diferenciação no mercado e ainda aquelas baseada em foco, atuantes em nichos de mercado. Podem existir situações mescladas para diferentes momentos e áreas de atuação, mas certamente, sempre estarão localizadas entre estas possibilidades. Cada uma exigirá posturas completamente diferentes da empresa e, consequentemente, dos planos de ação decorrentes e sua coordenação.

ALGUMAS REGRAS DE GESTÃO DA ESTRATÉGIA

Não existem regras de como implementar a estratégia, porém podemos listar algumas dicas importantes para que a estratégia não se transforme em um monte de papel ou então de slides de Power Point. Vejamos algumas lições que o longo trato com a questão estratégica em empresas nos permite listar:

·         A estratégia é dinâmica – a visão estratégica é algo de longo prazo, porém a sua execução não pode ser rígida e deve ser constantemente revisada, uma vez que, principalmente, o ambiente de negócios muda rapidamente.

·         Estabeleça marcos – é importante criar marcos temporais para avaliar a execução de planos de ação e da estratégia como um todo. O prazo vai variar de empresa para empresa, mas é fundamental para garantir a execução do processo.

·         Monitore a concorrência – em geral, os planos de ação apontam para algum tipo de ação deste tipo, mas é importante que este monitoramento aconteça de forma constante e exaustiva, seja com o intuito de acompanhar o que acontece no mercado em termos de produtos, tecnologia e preços, seja para absorver insights que permitam reavaliar diversos pontos e posicionamentos da empresa.

·         Incentive a responsabilidade – é fundamental dividir responsabilidade na execução da estratégia. O plano deve ser regido sempre pelo principal homem da organização, mas este deve contar com apoiadores que acompanham todo o processo.

·         A estratégia tem que extrair o que a empresa tem de melhor – mais importante do que mirar exclusivamente em seus concorrentes, é importante a empresa trabalhar o desenvolvimento de suas vantagens competitivas, explorando isso em todas as suas áreas, da logística ao marketing, de vendas a operações. A preocupação com vantagens competitivas deve superar a preocupação com posições defensivas ante a concorrência.

·         Compartilhe conhecimento – Uma das maneiras de engajar tanto os gestores da estratégia, quanto colaboradores em geral e convidá-los a vestir a camisa da estratégia e compartilhar conhecimento. Para isso existem diferentes maneiras, seja através da criação de eventos e treinamentos, seja através de plataformas de cooperação que estão disponíveis hoje no mercado.

·         Inteligência de Mercado é fundamental – é de suma importância que sejam implementados processos de inteligência de mercado, com ou sem a criação de área ou de cargo específico. Isso permite reações rápidas a eventos do mercado, bem como suporte adequado à tomada de decisões, além da contínua geração de insights. Estes processos que poderão e deverão conter a realização de pesquisas de mercado com clientes e consumidores finais, entre outros universos.

·         Estratégias bem-sucedidas são claras – nenhuma estratégia que efetivamente conduz empresas ao sucesso é difícil de compreender. Esta pode conter elementos complexos, inerentes ao core business e às suas vantagens competitivas, mas seus objetivos e caminhos escolhidos devem ser claros, permitindo a fácil percepção de todos os envolvidos.

CULTURA CORPORATIVA E COMPARTILHAMENTO DE RESPONSABILIDADES

Estas não são, sem dúvida, regras definitivas na gestão da estratégia, porém podem ser utilizadas como base e adaptadas às realidades de cada negócio, de cada segmento, de cada mercado.

É de extrema importância que a estratégia cada vez mais esteja impregnando o caldo de cultura corporativa, para que tanto a sua concepção quanto o seu desenvolvimento tornem-se rotineiros no calendário da empresa. Este é um dos motivos que deve motivar a criação de canais de comunicação focados nestes temas e voltados a todos, sim todos, os colaboradores, abordando-se cada nível com a sua linguagem específica e na profundidade adequada.

Da mesma forma é fundamental que as responsabilidades sejam sempre compartilhadas com a alta gestão na concepção e com outros níveis no detalhamento e aplicação da estratégia. A estratégia que nasce e fica alojada na cúpula das empresas tem maiores chances de fracasso, uma vez que detalhes de sua execução, que serão feitos por níveis hierárquicos inferiores, podem comprometer substancialmente os objetivos.

De maneira geral, tanto a criação quanto o detalhamento e a implementação de estratégias contam com a visão de alguém de fora da empresa, que permita um pensar mais livre, menos embotado pela rotina e que traga oxigenações importantes, visões de outras indústrias, de outros segmentos. É fundamental buscar apoio em empresas que possam aportar experiências trazidas de outros projetos semelhantes e vivenciadas pelos profissionais que estão à frente do projeto. A necessária mudança cultural aparece em decorrência e deve ser feita de maneira gradual, sempre reforçando os pilares que mantém o negócio vivo até aquele momento, bem como as tradições que alavancam, mas não emperram sua evolução.