Redes de Desenvolvimento de Pessoas e Negócios – Como Obter resultados? - Parte I - Por Edson Amadeu...

Redes de Desenvolvimento de Pessoas e Negócios – Como Obter resultados? - Parte I - Por Edson Amadeu.

Na década de 60, Paul Baran foi chamado para desenvolver um modelo que pudesse se manter em permanente comunicação independente de qualquer tipo de catástrofe. Foram criados 3 modelos de redes, as Centralizadas, Descentralizadas e as Distribuídas, no qual quanto mais distribuída fosse a rede, maior seria a capacidade de sobrevivência de todo o sistema. Segundo seus estudos, BARAN diz  uma vez que o social não é o conjunto de indivíduos, mas o que está entre eles, um mesmo grupo de pessoas podem gerar resultados e processos diferentes dependendo da forma como se organizam.

Três formas de estruturação em rede:

•      Nas redes centralizadas (a) toda informação passa por um único ser. Esta pessoa é a figura central que conecta todas as outras partes e exerce um papel central em todo o processo decisório, muito se assemelhando a modelos hierárquicos rígidos. Outra questão dentro desse modelo note-se que quanto mais centralizada for a rede, menor a interação entre as pessoas, logo, menor abertura para comunicação e novas ideias a partir do coletivo.

•      Nas redes descentralizadas (b) estabelecem multicentros, ou seja, cada centro é comandado por uma figura que lidera um grupo específico. Comparando com setores da empresa ou ainda em times multifuncionais, que são geridos por várias pessoas com competências distintas, mas por outro lado sempre com um objetivo único além de ainda mostrar vários pontos de centralidade.

•      Nas redes distribuídas © todo mundo se conecta diretamente com todo mundo, sem nenhum tipo de centralidade. Esse formato aumenta exponencialmente a interação e isto muda radicalmente as possibilidades de ideias, caminhos e execuções. Todo o conhecimento é compartilhado e facilmente achado pelas múltiplas conexões existentes entre os nós da rede.



Esse preambulo se faz necessário pois, após 60 anos dessa formulação, nos vemos diante de um mundo bem diferente, totalmente conectado seja do ponto de vista tecnológico quanto do ponto de vista humano. Estamos vivendo um momento diferenciado. A adoção de novas tecnologias, as mudanças nos conceitos de trabalho e de propriedade acabam por atingir fortemente a forma como crescemos, vivemos e trabalhamos. O desenvolvimento de tecnologias até então bem embrionárias como inteligência cognitiva, robótica, nanotecnologia, impressão 3D, genética e biotecnologia impactam e alavancam de forma contínua o aceite por processos e produtos inovadores.
A forte demanda por informações exige dos profissionais uma alta capacidade em não somente saber como buscar novos dados, mas principalmente conseguir analisá-los em ambientes cada vez mais complexos com milhões de interações acontecendo ao mesmo tempo, além do tempo cada vez mais reduzido para uma correta tomada de decisão.
O ambiente para o desenvolvimento de negócios também tem se transformado fortemente; o que se começou com um processo de globalização, atualmente passa pelo desenvolvimento de conexões cada vez mais rápidas e o processo de compartilhamento de conhecimento, resultou em um impacto profundo nas relações empresariais. A busca por inovações e resultados torna-se cada vez mais complexa, principalmente em mercados onde há um crescimento mais lento (ex. Europa), e o elemento chave para poder destravar essa situação, esteja em como eliminar os pontos cegos do sistema, descobrir oportunidades onde em teoria, não existem ou estão encobertas.
Analisando a situação atual, não somente antes da pandemia mas também durante, a grande maioria das empresas, independentemente do seu estágio de desenvolvimento, necessitam de ajuda para elaboração de planos estratégicos, táticos, operacionais e financeiros que reconduza a torná-la cada vez mais competitiva e viável. Em uma das pontas, há vários Fundos e Family Offices buscando por boas oportunidades, na outra uma boa plataforma de negócios que pode ser explorada não somente localmente, mas globalmente. Um ponto crítico: a falta de profissionais com experiência para fazer esta ponte, um problema a ser explorado, pois há poucos e raros grupos que possuem essa expertise; pessoas com experiência, com um forte histórico profissional e objetivos que vão de encontro em atender as necessidade destas empresas, e queiram trabalhar em um ambiente de rede distribuída, desvinculando-se das decrescentes benesses do mundo corporativo,

Os novos modelos digitais que garantem a conectividade e a agilidade no tráfego de informações é uma das maiores mudanças que estão acontecendo dentro do ambiente das empresas. Tanto do ponto de vista para a gestão de seus processos internos, com o poder compartilhado, mas também para o desenvolvimento de novos negócios utilizando modelos tipo plataforma globais, que de certa forma promovem uma ligação com o mundo físico.
Os modelos baseados em plataforma acabam criando um foco totalmente diferente dos modelos atuais, possibilitando analisar não somente o processo como um todo, desde sua fabricação até o serviço prestado ao cliente, mas também no intuído de colaborar e de criar uma massa de dados extensa que pode ser utilizada para retroalimentar todo o processo.
Não somente no mundo digital, mas vivemos a fusão entre os meios físicos e biológicos, com as empresas capazes de juntar essas múltiplas dimensões e que conseguem em muitos casos descontinuar toda uma indústria, o UBER, o AirBNB são fortes exemplos de modelos extremamente simples, mas com escalas globais que mudam estruturas centenárias.

O Desenvolvimento das Redes de Negócios

Nos últimos anos temos visto o gigantesco aumento no número de relações empresariais sem limitação de fronteiras.

Analisando o desenvolvimento das empresas desde a década de 90, podemos notar que o efeito da globalização traz a cada dia, maior facilidade no processo de comunicação, fato que corrobora fortemente para que a busca por negócios tenha um efeito ilimitado no processo por originação de oportunidades e no aparecimento de novos modelos de negócios, principalmente aqueles originados de forma simplificada (ex. startups), que passam a ter cada vez mais espaço para serem ouvidas por investidores e empresas.

O forte motivador das empresas em buscarem melhores resultados acabavam orientando para uma estratégica de maior cooperação criando áreas de desenvolvimento em algumas regiões geográfica. Segundo Porter (1990, p131) o poder de agrupamento de negócios alavanca o poder competitivo não somente da empresa, mas na região que ela se encontra, formando “clusters econômicos” que se relacionam por vários tipos de conexões.

Por outro lado, quando analisamos as Redes de Negócios, o fator região geográfica quase que some por completo, criando conexões totalmente dispersas, mas com objetivos comuns.

Com a quebra dos limites geográficos através do uso da comunicação em rede, a evolução do modelo acabou gerando clusters virtuais independente de sua localização, com um fator adicional, o poder de crescimento passou a ser contínuo e constante.

A Revista de Negócios, ISSN 1980-4431, Blumenau, v13, n. 1, p.11 – 27, Janeiro/março 2008, elaborou um sumario com vários aspectos sobre Redes de Negócios mostrados na tabela abaixo:

Compilação dos Principais Aspectos sobre O Que são Redes de Negócios e Quais as Suas Características
 

Descrição

 

Componentes

 

•     Elos que proporcionam interrelações; trocas   entre o ambiente interno da rede e o externo (inputs/outputs), com certa   liberalidade;

•     Elos (nós) formados por atores ou negócios   que detém poder

ou prevalência e dão sustentação à rede;

•     Objetivos ou interesses em comum;

•     Regras em comum (formais ou informais);

•     Orientação interna que busca a   eficiência/eficácia (ou uma

homeostasia ou adaptabilidade);

•     Atores ou negócios com certo grau individual   de independência, ou não dependência em relação à rede;

•     Atores ou negócios pressionados por um   ambiente econômico e/ou social em comum;

•     Estrutura coletiva de autocontrole e   recuperação de resultados;

•     Cultura e aprendizagem própria e co-evolução

 

•     Estruturação e Conjunto – a capacidade   coletiva de organização em um sistema de comunicação e atividades para   objetivos em comum; capacidade de aglomeração em dimensões geográficas, de   atividades, etc.;

•     Conectividade – a capacidade estrutural de   facilitar a comunicação com o menor nível de ruídos entre seus participantes;

•     Coerência e Reciprocidade – confiança e   cooperação sobre interesses compartilhados entre os objetivos da rede e   atores;

•     Poder – um exercício assimétrico econômico   ou político de influência ou controle de um negócio sobre o outro;

•     Necessidade – na dependência ou escassez de   recursos ou na velocidade de adaptabilidade das organizações;

•     Economia – infraestrutura para a sua   sobrevivência ou auto-sustentabilidade, a gerar desempenho em vantagens   econômicas, ou para o processamento e a transmissão da informação que se   tornam fontes fundamentais de produtividade e resultados;

•     Flexibilidade – na propriedade de   independência de cada negócio ou na capacidade de adaptação ou reorganização   em novas estruturas, ambientes, valores e crenças.

•     Aprendizagem ou Co-evolução – a capacidade   de aprender e crescer conhecimento, evoluir no coletivo ou co-evoluir. Campo   de ação dos negócios que pode induzir as várias formações e formas de rede,   conforme contingência.

Fonte: Adaptado a partir Castells (1999), Human e Provan (1997), Oliver e Ebers (1998), Marcon e Moinet / (2001) e publicado pela Revista de Negócios, ISSN 1980-4431, Blumenau, v13, n. 1, p.11 – 27, Janeiro/março 2008

A aplicação das teorias discutidas até aqui, como o diagrama de BARAN com o desenvolvimento de redes, os novos formatos de redes de negócios, a situação das atuais plataformas digitais contendo tanto as redes de negócios e as mudanças físicas nos ambientes de trabalho, além do lado financeiro, com buscas por resultados cada vez mais incessantes, e suas startups com propósitos sempre mais elevados, surge a  WAVE’s Circular Business Company, que traz um modelo que engloba todos esses objetivos, com a criação de um processo disruptivo, fundamentado em fortes valores éticos para desenvolvimento de negócios.

A implementação de um modelo desse tipo passa por muito mais do que alinhamento de objetivos, mas em como criar um ambiente que transmita um claro modelo construtivo e de confiança, no qual  os debates sejam feitos de forma clara e transparente, tudo em prol da elevação no conhecimento e da geração de negócios.

Podemos definir o processo de desenvolvimento do modelo em algumas etapas:

•     Desenvolvimento do Ambiente

•     Desenvolvimento de Produtos e suas metodologias

•     Modelo Financeiro

•     Integração de Pessoas

•     Modelo de Governança

Nenhuma das etapas acima podem ser subjugadas ou são mais simples ou menos do que outras. Todas elas além de fazer parte de um modelo estratégico impactam umas nas outras fortemente.

Um ponto a destacar é a questão de governança, no qual acaba sendo quase que um ato-falho de todos em buscar as respostas em um único indivíduo para tomada de decisão, modelo claramente hierárquico ao qual fomos culturalmente formatados nos últimos milênios. Em um formato colaborativo há de se retirar o elemento da centralidade da equação, a decisão é feita de modo compartilhado, no qual cada nó da rede tem que ter a responsabilidade em atingir o objetivo com total liberdade, e por outro lado, com respeito aos demais nós da rede. Exercer esse novo papel é um dos maiores desafios que esse novo modelo enfrenta.