Redes de Desenvolvimento de Pessoas e Negócios – Como Obter resultados? - Parte I - Por Edson Amadeu...
Na década de 60, Paul Baran foi chamado para desenvolver um modelo que pudesse se manter em permanente comunicação independente de qualquer tipo de catástrofe. Foram criados 3 modelos de redes, as Centralizadas, Descentralizadas e as Distribuídas, no qual quanto mais distribuída fosse a rede, maior seria a capacidade de sobrevivência de todo o sistema. Segundo seus estudos, BARAN diz uma vez que o social não é o conjunto de indivíduos, mas o que está entre eles, um mesmo grupo de pessoas podem gerar resultados e processos diferentes dependendo da forma como se organizam.
Três formas de estruturação em rede:
• Nas redes centralizadas (a) toda informação passa por um único ser. Esta pessoa é a figura central que conecta todas as outras partes e exerce um papel central em todo o processo decisório, muito se assemelhando a modelos hierárquicos rígidos. Outra questão dentro desse modelo note-se que quanto mais centralizada for a rede, menor a interação entre as pessoas, logo, menor abertura para comunicação e novas ideias a partir do coletivo.
• Nas redes descentralizadas (b) estabelecem multicentros, ou seja, cada centro é comandado por uma figura que lidera um grupo específico. Comparando com setores da empresa ou ainda em times multifuncionais, que são geridos por várias pessoas com competências distintas, mas por outro lado sempre com um objetivo único além de ainda mostrar vários pontos de centralidade.
• Nas redes distribuídas © todo mundo se conecta diretamente com todo mundo, sem nenhum tipo de centralidade. Esse formato aumenta exponencialmente a interação e isto muda radicalmente as possibilidades de ideias, caminhos e execuções. Todo o conhecimento é compartilhado e facilmente achado pelas múltiplas conexões existentes entre os nós da rede.
O Desenvolvimento das Redes de Negócios
Nos últimos anos temos visto o gigantesco aumento no número de relações empresariais sem limitação de fronteiras.
Analisando o desenvolvimento das empresas desde a década de 90, podemos notar que o efeito da globalização traz a cada dia, maior facilidade no processo de comunicação, fato que corrobora fortemente para que a busca por negócios tenha um efeito ilimitado no processo por originação de oportunidades e no aparecimento de novos modelos de negócios, principalmente aqueles originados de forma simplificada (ex. startups), que passam a ter cada vez mais espaço para serem ouvidas por investidores e empresas.
O forte motivador das empresas em buscarem melhores resultados acabavam orientando para uma estratégica de maior cooperação criando áreas de desenvolvimento em algumas regiões geográfica. Segundo Porter (1990, p131) o poder de agrupamento de negócios alavanca o poder competitivo não somente da empresa, mas na região que ela se encontra, formando “clusters econômicos” que se relacionam por vários tipos de conexões.
Por outro lado, quando analisamos as Redes de Negócios, o fator região geográfica quase que some por completo, criando conexões totalmente dispersas, mas com objetivos comuns.
Com a quebra dos limites geográficos através do uso da comunicação em rede, a evolução do modelo acabou gerando clusters virtuais independente de sua localização, com um fator adicional, o poder de crescimento passou a ser contínuo e constante.
A Revista de Negócios, ISSN 1980-4431, Blumenau, v13, n. 1, p.11 – 27, Janeiro/março 2008, elaborou um sumario com vários aspectos sobre Redes de Negócios mostrados na tabela abaixo:
Descrição | Componentes |
• Elos que proporcionam interrelações; trocas entre o ambiente interno da rede e o externo (inputs/outputs), com certa liberalidade; • Elos (nós) formados por atores ou negócios que detém poder ou prevalência e dão sustentação à rede; • Objetivos ou interesses em comum; • Regras em comum (formais ou informais); • Orientação interna que busca a eficiência/eficácia (ou uma homeostasia ou adaptabilidade); • Atores ou negócios com certo grau individual de independência, ou não dependência em relação à rede; • Atores ou negócios pressionados por um ambiente econômico e/ou social em comum; • Estrutura coletiva de autocontrole e recuperação de resultados; • Cultura e aprendizagem própria e co-evolução | • Estruturação e Conjunto – a capacidade coletiva de organização em um sistema de comunicação e atividades para objetivos em comum; capacidade de aglomeração em dimensões geográficas, de atividades, etc.; • Conectividade – a capacidade estrutural de facilitar a comunicação com o menor nível de ruídos entre seus participantes; • Coerência e Reciprocidade – confiança e cooperação sobre interesses compartilhados entre os objetivos da rede e atores; • Poder – um exercício assimétrico econômico ou político de influência ou controle de um negócio sobre o outro; • Necessidade – na dependência ou escassez de recursos ou na velocidade de adaptabilidade das organizações; • Economia – infraestrutura para a sua sobrevivência ou auto-sustentabilidade, a gerar desempenho em vantagens econômicas, ou para o processamento e a transmissão da informação que se tornam fontes fundamentais de produtividade e resultados; • Flexibilidade – na propriedade de independência de cada negócio ou na capacidade de adaptação ou reorganização em novas estruturas, ambientes, valores e crenças. • Aprendizagem ou Co-evolução – a capacidade de aprender e crescer conhecimento, evoluir no coletivo ou co-evoluir. Campo de ação dos negócios que pode induzir as várias formações e formas de rede, conforme contingência. |
Fonte: Adaptado a partir Castells (1999), Human e Provan (1997), Oliver e Ebers (1998), Marcon e Moinet / (2001) e publicado pela Revista de Negócios, ISSN 1980-4431, Blumenau, v13, n. 1, p.11 – 27, Janeiro/março 2008
A aplicação das teorias discutidas até aqui, como o diagrama de BARAN com o desenvolvimento de redes, os novos formatos de redes de negócios, a situação das atuais plataformas digitais contendo tanto as redes de negócios e as mudanças físicas nos ambientes de trabalho, além do lado financeiro, com buscas por resultados cada vez mais incessantes, e suas startups com propósitos sempre mais elevados, surge a WAVE’s Circular Business Company, que traz um modelo que engloba todos esses objetivos, com a criação de um processo disruptivo, fundamentado em fortes valores éticos para desenvolvimento de negócios.
A implementação de um modelo desse tipo passa por muito mais do que alinhamento de objetivos, mas em como criar um ambiente que transmita um claro modelo construtivo e de confiança, no qual os debates sejam feitos de forma clara e transparente, tudo em prol da elevação no conhecimento e da geração de negócios.
Podemos definir o processo de desenvolvimento do modelo em algumas etapas:
• Desenvolvimento do Ambiente
• Desenvolvimento de Produtos e suas metodologias
• Modelo Financeiro
• Integração de Pessoas
• Modelo de Governança
Nenhuma das etapas acima podem ser subjugadas ou são mais simples ou menos do que outras. Todas elas além de fazer parte de um modelo estratégico impactam umas nas outras fortemente.
Um ponto a destacar é a questão de governança, no qual acaba sendo quase que um ato-falho de todos em buscar as respostas em um único indivíduo para tomada de decisão, modelo claramente hierárquico ao qual fomos culturalmente formatados nos últimos milênios. Em um formato colaborativo há de se retirar o elemento da centralidade da equação, a decisão é feita de modo compartilhado, no qual cada nó da rede tem que ter a responsabilidade em atingir o objetivo com total liberdade, e por outro lado, com respeito aos demais nós da rede. Exercer esse novo papel é um dos maiores desafios que esse novo modelo enfrenta.