Desmistificando a sigla ESG – Governança Ambiental, Social e Corporativa - Por Tânia Aloisi e Renato Urvaneja

Milton Friedman, um dos nomes mais influentes da economia do século XX, símbolo do liberalismo econômico, afirmou repetidas vezes que a única responsabilidade social das empresas é a maximização do lucro.

Não há dúvida que as empresas devem gerar lucro e serem capazes de remunerar os seus investidores. O lucro é um importante indicador de saúde da empresa e é através dele que os negócios podem inovar, crescer e gerar mais emprego.

Dentro dessa ótica, o executivo foi treinado a dar resultados, e viver sobre o lema “cash is king”. Todavia, necessitamos de um pensamento mais sólido, mais holístico e abrangente, que vá além desse viés meramente financeiro das empresas.

Recentemente, a forma de explicar esse “novo” pensamento vem envelopado em três letras: ESG (Environmental, Social and Governance) nas organizações, que traduzindo significa Governança Ambiental, Social e Corporativa.

Apesar da sigla parecer nova, os conceitos que ela abrange já tem sido motivo de ações de muitas empresas há um certo tempo, principalmente por aquelas que vislumbram a importância e os ganhos em dedicar atenção aos três tópicos de gestão.

Essas ações não são pautadas em filantropia, caridade, ou serviço social; vão além das exigências das diversas certificações, protocolos, intenções, leis e regulamentações.

A busca da excelência em ESG é uma jornada. Uma empresa não dorme e acorda sustentável. O assunto precisa entrar na raiz da empresa, na agenda dos seus gestores, no seu plano estratégico. Entender a profundidade e amplitude no curto e no longo prazo.

Não existe uma regra bem definida, é preciso ter um olhar interno ajustado à uma agenda externa. Mais do que um discurso, ou uma prática localizada em uma ação; é um processo, de engajamento interno e de credibilidade, daqueles que vivem o dia a dia da organização.

O ESG mudou inclusive os parâmetros dos analistas de investimentos. A valorização das ações de uma companhia passou a ser analisada também pela abrangência da incorporação, ou não, dos princípios de Governança Ambiental, Social e Corporativa.  

Ou seja, as métricas de avaliação ultrapassam as conhecidas análises econômico-financeiras, e buscam novos parâmetros, como quão responsável sócio e ambientalmente, ética e inclusiva é a companhia. O proposito acima do “core”, tem o entendimento que o engajamento nas práticas ESG garantem a sustentabilidade, longevidade, e vantagem competitiva da empresa.

Adicionalmente, investidores e consumidores buscam apoiar organizações que agreguem em suas marcas a preocupação com o futuro do planeta e com a sociedade que a cerca. Ainda, as empresas com uma visão contrária às perspectivas tradicionais de valor, tem tido preferência no recrutamento de colaboradores com essa visão e manutenção de talentos internos.

Desta forma, empreendedores visionários, sejam eles alocados em grandes e estabelecidas corporações, ou empresas familiares, ou nas chamadas startups estão se conscientizando e se mobilizando para colocar em pauta os temas de ESG, não apenas dentro da própria unidade de negócio, mas buscam envolver toda uma cadeia de valor, dos fornecedores aos clientes, como premissa para a perenidade de seu negócio.