Um exemplo de projeto de racionalização na fabricação de chapas de papelão ondulado - Por Luís Fernando Almeida
Como comentamos no artigo anterior, a boa estruturação dos sistemas de custeio permite direcionar análises para projetos muito bem estruturados de racionalização na produção e de melhoria contínua, desenvolvendo modelos que se utilizam da contabilidade de custos como ferramentas estratégicas.
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As bases para uma boa execução do projeto de racionalização
De acordo com John K. Shank & Vijay Govindarajan – “Strategic Cost Management” - um bom sistema de gerenciamento contábil é o que permite obter custeio do produto, controle do processo, e avaliação do desempenho.
Ocorre que estas três possibilidades são sinérgicas entre si, por derivarem da mesma concepção de sistema, ou seja, é fundamental explorar estas, e tê-las em foco desde o início de uma implementação de sistema de custeio. Assim o sistema de gerenciamento contábil atenderá as estratégias do negócio.
O sistema de custeio praticado deve então ser constantemente atualizado, aferido e monitorado.
A informação acurada dos custos é que confere a vantagem competitiva ao negócio.
As tarefas do plano de racionalização
A título de ilustração descrevemos algumas das principais tarefas que constituem o plano de racionalização.
Estudo prévio do impacto dos custos, desenvolvidos sobre uma base acurada de custeio na cadeia de valor do produto, selecionando assim os mais relevantes.
Pesquisa de benchmarkings desses itens no segmento de atuação
Estudo e escolha do conjunto de melhorias a serem aplicadas para cada um desses itens relevantes, que inclui a estruturação técnica das implementações, vinculando ao know-how interno da organização e externos como assessores estratégicos.
Estabelecimento de um regime de produção e ocupação bem orçado. Um erro muito comum nestes projetos é o de se calcular retornos econômicos numa base de produção não planejada, frustrando os resultados, no caso desta não ser atingida.
Definição de planos de melhorias baseado nos detalhes das atividades e análise de possibilidades de racionalização.
Planejamento das metas a serem atingidas para cada melhoria
Concepção dos KPIs que tenham correlação com a mensuração das metas de cada melhoria de processo
Elaboração de plano de ação com responsáveis, prazos e acompanhamentos. (5W2H)
Acompanhamento dos KPIs para aferição dos resultados e correções das ações.
Geração de novos Benchmarkings em função dos avanços próprios das melhorias.
Reporte e acompanhamento dos resultados, aferição da eficiência de cada melhoria, recomendações de ajustes
Visão do resultado global (conjunto das medidas)
Um exemplo prático de quantificação de projeto de racionalização
O exemplo aqui citado está focado em uma produção de médio a pequeno porte, justamente para estimular a reflexão sobre as grandes possibilidades desses avanços econômicos. Seguimos então com o modelo de onduladeira com produção média mensal de 2 mil toneladas de chapas, com largura de trabalho de 2.500 mm e velocidade média de 110 m/min.
Adotado em maio de 2021, o custeio da chapa de papelão ondulado onda B atingiu R$ 6.597 R$/tonelada (chapa de 423 g/m2) resumido conforme a figura abaixo:
Interessante observar que somente os papéis participam em 85,7 % do custo da chapa. Isto pode levar a um desinteresse, considerando reduzidas as possibilidades de ganhos com os custos restantes. Para contrapor a isso, vamos abrir o resumo dos custos da produção da onduladeira de 386 R$/ton.
Com este trabalho, podemos escolher os itens relevantes, que possibilitam elaborar o plano de racionalização.
Foram selecionados cinco itens de maior impacto (excluído o papel) das listas acima, ficando em foco: Refugos; Refile; Gastos Operacionais; Vapor e Energia Elétrica.
E adicionados duas ações as quais impactam nos custos e cuja quantificação é perfeitamente calculável através da simulação na própria planilha de custeio da chapa
1. Aumento da Velocidade Média.
O aumento da velocidade média na onduladeira tem expressivo impacto sobre o custo de produção. Redução de tempos de paradas e de interrupções na produção, bem como o aumento real de velocidade operacional, absorvem os custos fixos que no processo, neste exemplo, compõem 37% do total.
2. Redução de take-up da onda B
O fator de take-up é a porcentagem de consumo de papel miolo por metro de chapa, ou seja o desenvolvimento do miolo corrugado. Ao alterarmos o perfil para a redução deste fator estamos economizando papel. Nestes tempos de pandemia, os custos de papel miolo reciclado superam os das capas de papel liner e kraft-liner. Isso privilegia a ação sobre economia de papeis através de escolha de projetos de perfis econômicos, que permitem manter a qualidade e produtividade.
Assim chegamos a um projeto com sete itens de melhorias quantificáveis, as quais resumimos abaixo
Para cada um dos itens devem ser detalhados os indicadores que permitem controlar e acompanhar os resultados, nem como exibir um memorial simples demonstrativo da economia. Abaixo exemplificamos os dois primeiros itens do quadro:
Comentários finais
Observemos que dos sete itens, quatro tratam de ações de racionalização sobre o custo de produção da onduladeira: Velocidade + Consumo de Vapor + Operacionais + Energia Elétrica. Estes totalizam a economia de R$ 72 R$/tonelada que representam pouco (1,1%) em referência ao custo da chapa de 6.597 R$/tonelada. Mas sobre o próprio custo de produção da onduladeira de 386 R$/ton apontam para expressivos 18,5%.
Os três itens adicionais tratam da racionalização sobre o desperdício de papel os quais somam 81 R$/ tonelada.
Finalmente a totalização das economias projetadas nos sete itens somaram 152 R$/tonelada, que anualizadas totalizam R$ 3.656.624, valor precioso para se estruturar uma equipe em um bom projeto de racionalização!
Estamos à total disposição para o suporte de gestão orientado para estes projetos.
Muito Obrigado!
Luis Fernando Almeida – Wave Corp.
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